Sr. Navizala: O Guardião do Sertão e a Força Espiritual que Abre Caminhos

O sertão de Pernambuco, em pleno século XVIII, viu nascer e se fortalecer a lenda de Sr. Navizala, um boiadeiro de alma pura e coração valente, que desde criança carregou o destino de ajudar e proteger o seu povo. A vida de Navizala começou humilde e desafiadora, marcado pelas dificuldades da terra árida e pela luta cotidiana. Ele habitava uma simples casinha de sapé ao lado de sua mãe, Dona Cecília, uma mulher com forte mediunidade, conhecida e respeitada como benzedeira ou curandeira. Para aquele povo do sertão, Dona Cecília era mais do que uma figura materna; era o pilar da saúde e do consolo, única esperança para aqueles que sofriam em uma região onde médicos eram apenas uma lenda.

Quando Navizala ainda era um menino de cinco anos, seu pai desencarnou, deixando-o apenas com a mãe. O pequeno sertanejo assumiu com bravura as tarefas da roça e da casa, mesmo sendo tão jovem. Ele carpia, semeava e colhia ao lado da mãe, sustentando a pequena família com o que a terra lhes concedia. A relação entre mãe e filho ia além da simples sobrevivência: era um laço de profunda espiritualidade e ensinamentos. Todas as noites, após uma refeição simples preparada no fogão a lenha, mãe e filho rezavam juntos à luz de um lampião, e Dona Cecília aproveitava esses momentos para compartilhar com ele os segredos e mistérios do mundo espiritual. O menino ouvia encantado, fascinado pela sabedoria daquela mulher que, apesar da vida dura, conservava uma serenidade inabalável.

Dona Cecília também cuidava da comunidade ao seu redor, oferecendo remédios caseiros feitos de ervas cultivadas com zelo. Suas “garrafadas” tornaram-se famosas, e ela acolhia quem precisasse de ajuda – desde crianças desnutridas a agricultores feridos pelas adversidades do trabalho no campo. Cada erva, cada cura, era para Navizala uma lição de amor e caridade. Com o tempo, ele aprendeu a reconhecer as plantas e a usá-las com a mesma habilidade de sua mãe. Mais do que isso, ele herdou dela a visão aguçada para o espiritual, capaz de ver e entender quando alguém trazia consigo a presença de obsessores, aqueles espíritos perturbados que afetavam a saúde e a paz dos que viviam no plano terreno.

Quando completou 15 anos, o destino trouxe uma nova perda: Dona Cecília desencarnou durante o sono. Desolado e sozinho, Navizala viu-se, a partir daquele momento, com a missão de continuar o legado de sua mãe. Mas, apesar da dor, ele encontrou conforto na presença espiritual dela, que continuava a orientá-lo, incentivando-o a seguir ajudando o próximo. Assim, Navizala se tornou um boiadeiro conhecido por toda a região, levando gado por vastas distâncias, conhecendo diversas comunidades, e ajudando os doentes que encontrava pelo caminho. Em cada parada, em cada pouso, ele estendia sua mão aos necessitados, curando, abençoando, e ensinando as lições de amor que sua mãe havia plantado em seu coração. Sua presença era reconhecida pela luz que irradiava, pela compaixão que carregava e pela sinceridade que transparecia em seu olhar direto e firme.

Sr. Navizala, em suas andanças, levava apenas o essencial: um cavalo malhado, seu companheiro fiel, o rosário de sua mãe e um par de botas gastas. Gostava da simplicidade da vida sertaneja, apreciava o gosto doce da rapadura, o frescor dos banhos de açude e as conversas com as pessoas que encontrava. Mesmo com todas as adversidades do sertão, ele mantinha-se em paz, sua alma resistente como o solo em que vivia. Sua história ficou marcada não apenas por sua habilidade de curar, mas também por sua autenticidade, por seu caráter direto e pela generosidade que se tornaram sua marca registrada.

Sr. Navizala faleceu aos 49 anos, assim como sua mãe, em paz, ao deitar-se. A notícia de sua partida comoveu o sertão, e em seu enterro, mais de cem pessoas compareceram, vindas de todas as partes, tanto pobres quanto ricos, todos unidos pela gratidão e pela saudade daquele homem que havia feito tanto bem. No plano espiritual, Sr. Navizala reencontrou sua mãe, seu pai e os mentores que o acompanharam em vida. E, tal como ele havia feito ao longo de sua jornada, muitos aguardavam para abraçá-lo, almas que ele havia ajudado durante sua trajetória.

Com a permissão dos guias espirituais, Sr. Navizala optou por retornar como uma entidade de luz, disposto a continuar auxiliando aqueles que buscavam ajuda. Ele manteve as características do sertanejo: o linguajar simples, o traje de vaqueiro nordestino com gibão e chapéu de couro, reforçando assim a sua conexão com o povo que tanto amava. Como mentor, ele atua na cura espiritual, emocional e física, trazendo em sua energia a força, a sabedoria e a honestidade dos sertanejos.

Cantigas de Sr. Navizala

1. “Navizala, vaqueiro de fé, no sertão é proteção, nos caminhos do astral, é luz e devoção.”
2. “Oh, Navizala, guia do gado, leva embora o que é pesado, quem te chama não perde o norte, é seguro e vence o corte.”
3. “Senhor do sertão, Navizala é poder, quem roga em sua voz, encontra o que precisa ver.”

Trabalhos Espirituais com Sr. Navizala

1. Abertura de Caminhos: Com folhas de arruda e manjericão, faça um banho fervido com sal grosso e, ao entardecer, jogue sobre o corpo, pedindo a Sr. Navizala que remova os obstáculos do caminho.
2. Prosperidade: Em uma quarta-feira, acenda uma vela amarela sobre um prato com açúcar e moedas douradas. Peça a Sr. Navizala para que a abundância e o sustento venham como as águas dos rios.
3. Proteção: Em uma sexta-feira, antes do sol se pôr, unte uma vela azul com azeite de oliva, e acenda aos pés de uma árvore, pedindo que Sr. Navizala proteja você e sua casa das energias negativas.