A figura de Pomba Gira Sete Saias é envolta em mistério, respeito e fascinação dentro das religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé. Representando o arquétipo feminino de força, sensualidade e sabedoria, sua história é permeada de lições sobre superação, resiliência e trabalho espiritual. Este artigo não tem a intenção de apresentar uma única verdade, mas sim compartilhar uma das muitas narrativas associadas à entidade, trazendo uma reflexão profunda sobre sua relevância espiritual.
A Origem Terrena de Dona Sete Saias
Em uma das versões mais conhecidas, Pomba Gira Sete Saias teria tido sua última encarnação terrena como Jaluza Correia, uma mulher de origens humildes que enfrentou uma vida repleta de desafios e injustiças. Filha de agricultores, Jaluza nasceu no Brasil em uma família marcada por sofrimentos. Sua mãe faleceu no parto, o que gerou ressentimentos em seu pai e irmãs, que a culparam injustamente por essa perda irreparável.
Desde cedo, Jaluza experimentou um ambiente hostil, carregado de abusos emocionais e psicológicos. O pai, um homem severo e frio, frequentemente a humilhava, enquanto as irmãs a tratavam com desdém. Essa experiência de exclusão e rejeição moldou uma jovem resiliente, mas profundamente marcada por feridas emocionais. Aos 14 anos, incapaz de suportar mais abusos, Jaluza fugiu de casa em busca de liberdade e de um futuro diferente, iniciando uma jornada cheia de obstáculos.

A Jovem em Busca de Sobrevivência
Nas ruas, Jaluza enfrentou dificuldades extremas. Sem recursos e sem apoio, ela encontrou nos relacionamentos com homens uma forma de garantir sua sobrevivência. Sua beleza impressionante – pele morena, cabelos longos e negros, e olhos verdes marcantes – chamava a atenção por onde passava, mas sua vida estava longe de ser fácil ou glamorosa.
Aos 16 anos, Jaluza começou a ser conhecida como uma mulher astuta e determinada. Foi nessa época que surgiu a lenda das “Sete Saias”, pois ela usava diferentes saias para representar suas múltiplas facetas e personalidades, adaptando-se às circunstâncias e às pessoas ao seu redor. Cada saia simbolizava uma estratégia, uma forma de sobreviver e navegar pelas complexas dinâmicas sociais e emocionais da época.
Apesar de sua força e inteligência, Jaluza não conseguiu escapar de tragédias pessoais. Ao engravidar de um amante, enfrentou um dilema profundo: sabia que não poderia oferecer ao filho a estabilidade necessária. Em uma decisão dolorosa, entregou o bebê a outra família, esperando que ele tivesse uma vida melhor.
O Encontro com o Filho e o Desfecho Trágico
Quando Jaluza revelou a verdade ao Conde, a reação foi de choque e negação. O jovem, incapaz de processar a situação, foi consumido por sentimentos de traição e confusão. Durante uma festa no cabaré, em meio ao efeito do álcool e às emoções exacerbadas, ele causou um incêndio que destruiu o local. No meio da confusão, Jaluza foi atacada por uma das mulheres que a odiavam e, por fim, ficou presa nas chamas, vindo a falecer de forma trágica.
A Transformação em Entidade Espiritual
Após sua morte, Jaluza ascendeu ao plano espiritual e recebeu uma nova missão: auxiliar aqueles que sofrem devido a suas escolhas ou que carregam fardos emocionais do passado. Como Pomba Gira Sete Saias, tornou-se uma guia espiritual conhecida por sua sabedoria, justiça e capacidade de abrir caminhos para quem a procura com sinceridade e fé.
Na Umbanda, Sete Saias é vista como uma entidade que trabalha nos cruzamentos dos caminhos, ajudando a equilibrar as energias e a promover transformações pessoais. Ela é conhecida por sua habilidade em compreender as complexidades emocionais humanas, muitas vezes ajudando aqueles que enfrentam dilemas amorosos, financeiros ou existenciais.

Os Símbolos de Pomba Gira Sete Saias
Sete Saias é representada por sete saias coloridas, cada uma simbolizando um aspecto de sua personalidade ou uma área de atuação espiritual. Essas saias também refletem a multiplicidade da condição humana e sua capacidade de se adaptar e superar adversidades. Além disso, os elementos associados a ela, como rosas vermelhas, velas e perfumes, simbolizam sua conexão com o amor, a sensualidade e o poder feminino.
Cuidados ao Trabalhar com Dona Sete Saias
Ao buscar a ajuda de Sete Saias, é essencial abordar a entidade com respeito e fé. O trabalho espiritual com ela exige sinceridade e autoconhecimento, pois ela frequentemente desafia seus consulentes a enfrentarem suas próprias verdades internas. Aqui estão algumas recomendações:
- Respeito: Trate a entidade com reverência, evitando atitudes levianas ou desrespeitosas.
- Fé: Acredite no trabalho espiritual que ela realiza, confiando em sua sabedoria e orientações.
- Ofertas: Realize oferendas sob a orientação de um guia ou sacerdote experiente, respeitando as tradições e preceitos espirituais.
- Autoconhecimento: Reflita sobre seus próprios caminhos e escolhas, buscando crescimento pessoal e espiritual.
Reflexões sobre Fé e Superação
A história de Pomba Gira Sete Saias nos ensina sobre a importância de enfrentar os desafios com coragem e resiliência. Sua jornada ter importância de enfrentar os desafios com coragem e resiliência. Sua jornada terrena, marcada por dores e superações, reflete a condição humana e a capacidade de transformar sofrimento em aprendizado.
Na Umbanda e em outras religiões afro-brasileiras, Sete Saias simboliza o poder de renascer das cinzas, ajudando aqueles que buscam sua ajuda a encontrarem caminhos de luz e equilíbrio. Sua história continua a inspirar milhões de pessoas, mostrando que, mesmo diante das maiores adversidades, é possível encontrar força, sabedoria e redenção.