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Maria do Cais: A História de uma Malandra na Umbanda

Em uma noite fria de segunda-feira, em um terreiro de umbanda onde exus, pombagiras e malandros se manifestavam, uma médium experimenta uma energia distinta da qual estava habituada. Era uma presença intensa e vibrante, mas ainda não completamente revelada. Nos encontros seguintes, essa mesma energia retorna, marcante, mas sem se incorporar totalmente. Até que, após diversas giras, a entidade se apresenta de forma firme, irradiando uma presença inconfundível, e solicita a presença da dirigente espiritual.

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Ao aproximar-se, a dirigente cumprimenta a entidade com um formal “Boa noite, meu senhor.” E, em um tom forte e firme, a entidade responde: “É senhora. Sou Malandra, não sou homem. Meu nome é Maria do Cais.” Esse momento provoca um choque na dirigente, que vê na aparição de uma malandra algo inaceitável, acreditando que no mundo espiritual somente existiam falangeiros de Zé Pelintra.

A entidade, com serenidade e determinação, retruca: “Não sou mentira, sou caminho. Vim ajudar minha ‘Menina’. Eu trabalho tão bem quanto um homem.” Essa afirmação causa descontentamento na dirigente, que insiste que, no terreiro, só havia espaço para malandros homens. Mulheres, segundo ela, deveriam ser cabrochas do samba ou pombagiras, nunca malandras.

Diante da postura da dirigente, Maria do Cais decide retirar-se, respeitando o ambiente e as regras impostas. A médium, contudo, sente-se afetada, duvidando de si mesma e questionando sua fé. Em giras futuras, a médium tenta resistir à incorporação de Maria do Cais, mas a entidade persiste, demonstrando sua presença e vontade. Em uma dessas vezes, Maria pede um chapéu a um cambone, que, impressionado, lhe entrega o acessório prontamente. A dirigente, vendo a cena de longe, se aproxima novamente e insiste que a entidade se apresente como uma pombagira, para confirmar que era “legítima” dentro da hierarquia do terreiro.

Após esses embates, a médium começa a experimentar um período difícil em sua vida pessoal. O comércio que administra passa por dificuldades, as vendas diminuem, e os problemas se acumulam. Sentindo-se perdida, uma amiga lhe faz um convite para participar de uma gira de praia em homenagem a Iemanjá, onde ela decide buscar orientação e acalento.

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Apesar das regras rígidas de sua zeladora, que sempre a impediu de frequentar outros terreiros, a médium sente uma irresistível vontade de ir. O chamado espiritual é tão forte que ela não consegue ignorá-lo. Decidida a seguir seu coração, coloca um vestido branco, coloca um chapéu de palha amarela e leva rosas brancas para Iemanjá. À medida que se aproxima do local da gira, uma sensação de coragem a invade, e ela sabe que está tomando a decisão certa, mesmo que isso signifique desafiar as ordens de sua mãe de santo.

A gira acontece de maneira tranquila, mas ao chegar o momento da gira de marujos, a médium começa a se sentir estranha. Seu corpo se desequilibra, seus pés parecem não acompanhar o ritmo do atabaque, e ela se vê cambaleando. Cambones a amparam, e o som do atabaque ganha força. É nesse momento que a entidade se manifesta com toda a sua força e firmeza: Maria do Cais se incorpora novamente na médium, desta vez mais confiante e segura.

Maria do Cais, com um sorriso no rosto e a energia vibrante de sua presença, se apresenta com a energia característica das malandras: uma mistura de carisma e rebeldia, uma força que vem das ruas e da vivência popular. Ela samba na areia com intensidade, contagiando todos ao redor, que, animados, começam a dançar e a celebrar sua presença. Maria se vira para a amiga da médium, que está ao seu lado, e se apresenta com firmeza: “Meu nome é Maria do Cais. Não sou homem, nem marinheira, mas eles me conhecem de outra época. Não sou bem-vinda por aí, mas aqui quem manda é minha senhora, e ela me disse que eu podia vir.”

A amiga, surpresa pela força e autenticidade de Maria, sente uma conexão imediata com a entidade. As duas conversam por horas, enquanto o pai de santo, ao longe, cuida da gira com os guardiões. Todos sabem que Maria é uma presença diferente, mas respeitada. O pai de santo, ao ouvir falar de malandras, afirma que ela é bem-vinda, o que traz alívio à médium e reforça a sensação de que estava no caminho certo. Maria do Cais, antes de partir, consagra algumas conchas que um marinheiro lhe ofereceu, passando uma mensagem à médium: “Diga a minha menina que tudo vai melhorar, a vida dela vai começar a fluir.”

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Nas semanas seguintes, a médium começa a experimentar uma mudança significativa em sua vida. O comércio prospera, suas vendas aumentam de forma inesperada, e os problemas que antes pareciam intransponíveis começam a se dissipar. Ela sente que a presença de Maria do Cais a acompanhou e lhe trouxe a força necessária para superar as dificuldades. As vendas de pães se tornam fáceis, como se o trabalho estivesse fluindo naturalmente, e ela começa a acreditar que sua fé estava finalmente sendo recompensada.

No entanto, as tensões com sua zeladora ainda persistem. A dirigente insiste que a médium não pode seguir o caminho de Maria do Cais, considerando-a uma “farsa” e afirmando que o lugar das mulheres não é na malandragem. A médium é humilhada na frente de todos e expulsa do terreiro. Sentindo-se desamparada e rejeitada, ela chega em casa chorando, mas não abandona a fé que Maria do Cais lhe deu. Ela abraça o chapéu que Maria usou e aperta as conchas consagradas com carinho, pedindo a orientação de Iemanjá.

Meses se passam, e a médium continua sua jornada. Ela se encontra com o zelador, que, embora não compreenda as malandras como um todo, se sente disposto a aprender e respeitar a energia de Maria do Cais. A médium sente um alívio profundo ao perceber que finalmente encontrou apoio para seguir seu próprio caminho, longe da opressão que a zeladora tentava impor. Ela agora sabe que pode seguir seu destino com a força de Maria do Cais ao seu lado, como uma verdadeira malandra, sem se submeter aos julgamentos alheios.

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Maria do Cais, com seu samba, sua energia vibrante e sua sabedoria, continua a guiar a médium em sua jornada de autodescoberta e superação. Ao invés de se deixar abalar pelas adversidades, a médium agora está pronta para abraçar seu próprio caminho, com confiança e a proteção da entidade que se tornou sua aliada espiritual.

Com isso, ela segue em frente, com a sensação de que sua vida finalmente começou a navegar com rumo certo, como um barco que se solta da areia e parte para a vastidão do mar. E com essa decisão, ela não apenas se liberta das amarras do passado, mas também se abre para as oportunidades que o futuro oferece, com a proteção e sabedoria de Maria do Cais, a malandra que se fez caminho.

Cantigas de Maria do Cais

  1. Cantiga da Malandra “Maria do Cais, malandra, é quem me guia,
    No samba da vida, é força que brilha,
    Sou filha do vento, do mar, da areia,
    No caminho da vida, sou sempre a primeira!”

  2. Cantiga do Chapéu “Chapéu de palha, flor no cabelo,
    Maria do Cais é meu espelho,
    Canta e samba, na vida e na rua,
    É força que encanta, na noite e na lua!”

  3. Cantiga do Caminho “Meu nome é Maria do Cais, não sou de mentira,
    Eu sou caminho, sou luz, sou vida inteira,
    Em cada passo, em cada samba, eu vou,
    Malandra e guerreira, com axé eu sou!”

Trabalhos de Maria do Cais

  1. Abertura de Caminhos Para aqueles que buscam novas oportunidades, Maria do Cais abre os caminhos com sua energia vibrante e irreverente. Ela ajuda a cortar os obstáculos da vida, trazendo fluidez e prosperidade para quem precisa.
  2. Prosperidade A energia de Maria do Cais favorece aqueles que lutam pelo sucesso, principalmente no aspecto material. Com seu toque, as finanças podem melhorar, a sorte se volta ao lado de quem se dedica de verdade e a abundância chega com sua graça.
  3. Proteção Maria do Cais é uma guardiã feroz para aqueles que a invocam com respeito. Sua proteção é imbatível, garantindo que a pessoa esteja segura contra energias negativas e que sua caminhada seja protegida por ela. Quem tem Maria do Cais ao lado, está sempre protegido, mesmo nas adversidades.

Ocultista Arcano

Sou um estudioso e praticante do ocultismo, especializado na conexão entre as ervas e as tradições da Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Minha jornada ao longo dos anos tem sido guiada pela busca do equilíbrio, cura e proteção por meio das plantas e seus mistérios.

Ocultista Arcano

Sou um estudioso e praticante do ocultismo, especializado na conexão entre as ervas e as tradições da Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Minha jornada ao longo dos anos tem sido guiada pela busca do equilíbrio, cura e proteção por meio das plantas e seus mistérios.

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